Duas advogadas presas por suspeita de encomendar um incêndio na Prefeitura de Nova Bandeirantes, a 980 km de Cuiabá, em outubro do ano passado, foram transferidas para o Centro de Custódia da Capital, nesta quarta-feira (14), após terem a prisão temporária decretada pela Justiça.
Segundo o advogado de Claudinéia de Oliveira, Luciano Augusto Neves, elas foram levadas para Cuiabá em razão do direito de ficar em cela especial, já que possuem nível superior. Além disso, vão prestar depoimento aos delegados que apuram o caso. Claudinéia é ex-servidora e a outra ainda é servidora do município.
As investigações são conduzidas por Flávio Henrique Stringueta e Vinícius Assis Nazário. Eles também coordenaram a operação "Círculo de Fogo", em que foram cumpridos os mandados de prisão contra os suspeitos, na terça-feira (13).
De acordo com as investigadas, as advogadas tinham a intenção de incriminar o prefeito Valdir dos Santos (PSB), conhecido como Rio Branco, e destruir provas de um susposto esquema de desvio de recursos públicos que funcionava no departamento de compras da prefeitura.
Além delas, outras cinco pessoas são suspeitas de envolvimento no crime. Todas tiveram a prisão decretadas, com exceção de um dos criminosos contratados para atear fogo no local, que foi morto em maio deste ano, por ocorrências relacionadas ao tráfico de drogas.
Ainda segundo as investigações, as advogadas e um contador respondiam a um procedimento administrativo disciplinar (PAD) interno por suspeita de fraudes em notas fiscais por serviços prestados ao município.
Segundo o prefeito, Claudinéia não era mais servidora municipal, mas chegou a ser assessora jurídica na gestão anterior. No entanto, segundo ele, além de ter conhecimento do fraude, ela participava ativamente do esquema.
Advogadas devem ficar no Centro de Custódia da Capital — Foto: TVCA/Reprodução
Ao G1, o advogado de Claudinéia disse, por telefone, que ela vai prestar depoimento ainda na tarde desta quarta-feira e, posteriormente, vai ser manifestar sobre o caso.
Valdir Santos informou ainda que a outra advogada, que não teve o nome divulgado, assim como o contador, são servidores públicos de carreira e chegaram a ser afastados depois que o PAD confirmou a fraude. No entanto, conseguiram, na Justiça, o direito de retornar ao cargo em outros departamentos.
Um vigilante, que também é servidor público, e um técnico em telecomunicações também estão presos suspeitos de participação no incêndio. O técnico teria sido contratado para atear fogo na prefeitura, porém, teria subcontratado outros dois criminosos para executar o crime.
O técnico foi preso e confessou a participação dele. O criminoso que ele contratou é conhecido como "Lebrão" e está preso na unidade prisional Osvaldo Florentino, o Ferrugem, em Sinop, a 503 km de Cuiabá. Ele cumpre pena por outros crimes.
Imagens durante o incêndio em outubro de 2017 — Foto: Rogério Pereira de Melo/ Prefeitura de Nova Bandeirantes-MT
O crime ocorreu no dia 2 de outubro do ano passado, 12 dias depois da operação "Lóki", que teria sido deflagarada para apurar atos de improbidade por parte do prefeito.
De acordo com o prefeito, os suspeitos teriam se aproveitado da operação para ocasionar o incêndio e incriminar o prefeito.