Membros de uma cooperativa com cerca de 154 famílias que moram em uma área da fazenda do ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (MDB), entregue após acordo de delação premiada, encaminharam um documento à Justiça cobrando andamento no processo de incorporação da área.
O documento tem como destinatário a juíza da 2ª Vara Cível Especializada em Direito Agrário de Mato Grosso, Adriana Sant'anna Coningham.
Na carta, a cooperativa cita o medo de um possível conflito armado com outro grupo que invadiu a área em dezembro de 2017. À época, cerca de 300 pessoas invadiram a propriedade.
A área rural fica no município de Peixoto de Azevedo, a 692 km de Cuiabá. A fazenda é avaliada em R$ 33 milhões e tem cerca 4,1 mil hectares.
A propriedade foi alienada junto com outros bens do ex-governador após delação.
De acordo com o presidente da cooperativa, Waldir Theodoro, há mais de um ano as famílias firmaram um acordo de cooperação técnica com o governo para regularizar a ocupação e exploração rural.
No documento, o grupo cita o medo de um possível conflito armado. “Ocorre Exª, que nesta referida área está prestes a estourar um grande conflito agrário de proporções gigantescas, onde existem muitas crianças, pessoas de idade avançadas e várias famílias”, diz trecho da carta.
O ex-governador deixou a prisão em regime fechado em junho do ano passado depois dequase dois anos preso. Ele teve a prisão domiciliar decretada mediante entrega de R$ 46 milhões em bens. Entre eles estão duas fazendas, avaliadas em R$ 33 milhões e R$ 10 milhões, e um avião de R$ 900 mil. A aeronave já começou a ser usada pelo governo no transporte de presos e autoridades. Silval foi preso durante a operação Sodoma, que investiga a existência de uma suposta organização criminosa que cobrava propina de empresários para manter contratos vigentes com o estado, durante a gestão dele.