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Presos trabalham com urbanização em Colniza

Data: Sexta-feira, 01/12/2017 17:40
Fonte: FolhaMax

Os reeducandos da Cadeia Pública de Colniza (1.065 km a noroeste de Cuiabá) estão transformando a cidade, por meio da construção de blocos de cimento que são utilizados na pavimentação da cidade, composta em sua maior parte por ruas de chão.

O projeto “Urbaniza Colniza” nasceu há um ano a partir de uma parceria entre o Poder Judiciário, Ministério Público do Estado (MPE) e Prefeitura Municipal. Nesse período, a pista de caminhada em volta do campo de futebol e a rua da feira foram pavimentadas com a mão de obra e os blocos fabricados pelos reeducandos.

“Esses meninos são heróis do nosso município. Sem o trabalho deles, isso seria impossível de ser feito. Aqui era um local totalmente abandonado, com mato em tudo, escorpião, cobra, cheio de terra. Em época de chuva ficava só lama”, descreve o professor de Educação Física Fábio Marcelo Vaz, que também colabora com o projeto e dá aulas esportivas para as crianças da cidade.

A ideia de revitalizar o campo de futebol partiu da comunidade e se encaixou perfeitamente com o projeto dos reeducandos. Além dos blocos de cimento que são fabricados dentro da Cadeia Pública por três reeducandos, eles já pavimentaram a rua da feira e irão instalar refletores e postes que foram adquiridos por meio de penas pecuniárias de crimes ambientais e doações de empresários locais.

“Através de transações penais e termos de ajustamento de condutas que são propostos pelo Ministério Público, nós conseguimos doações de cimento, pedra brita e areia, que são essenciais para fazer os blocos. A própria população, vendo os reeducandos trabalhando, começou a doar material voluntariamente”, constata o promotor de justiça Willian Oguido Ogama.

“Aqui eles são incentivados a trabalhar, aprendem um ofício e também contribuem para melhorar a cidade. Esse projeto tem obtido bons resultados, foi indicado ao Prêmio Innovare. Penso que o Poder Judiciário, em alguns pontos, pode ter uma postura mais ativa e aqui é um exemplo disso. Estamos ajudando a melhorar a parte urbanística da cidade e contribuindo para que pessoas que eram excluídas da sociedade possam ingressar no mercado de trabalho”, acrescenta o juiz de Colniza, Ricardo Frazon Menegucci.

Zilmar Chaves da Fonseca já cumpriu quatro anos e cinco meses de sua pena de sete anos. Graças ao trabalho que desempenha todos os dias de 7h30 às 17h no “Urbaniza Colniza”, alcançará sua liberdade um ano mais cedo. “Eu achei muito importante esse projeto para todos nós. Nós pagamos nossa pena mais rápido, a sociedade vê o que estamos fazendo, trabalhando no sol do dia a dia, é bom para a população e para nossos familiares que moram aqui”, afirma Zilmar.

De acordo com o diretor da Cadeia Pública, Anderson Junior de Moreira, os empresários de Colniza colaboram com o projeto de várias formas, dentre elas na contratação da mão de obra dos reeducandos que trabalharam no projeto assim que eles saem em liberdade.

“Houve alguns que progrediram e estão trabalhando porque os empresários deram serviço para eles. Eles tinham uma grande dificuldade em arrumar emprego e, através do projeto, eles estão conseguindo. Existem até pessoas aguardando a saída deles para empregá-los, por já confiar neles e ver o trabalho feito”, observa o diretor da Cadeia Pública, Anderson Junior de Moreira.

Atualmente, 16 dos 53 detentos da Cadeia Pública trabalham em obras ou órgãos públicos de Colniza, além da manutenção de uma grande horta anexa à cadeia. Um terreno baldio que antes não tinha serventia alguma hoje floresce mandioca, banana, café, hortaliças e plantas medicinais que são doadas à creche municipal e à APAE.

A seleção para o trabalho depende do bom comportamento, do tempo de pena e o crime que a pessoa cometeu.