O atendimento os pacientes da comunidade João Carro, em Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, está sendo feito em um posto de saúde improvisado, sem energia elétrica e com problemas no abastecimento de água. A transferência para esse local foi feita devido à reforma do posto de saúde, que teve início em maio deste ano.
O maior problema, segundo os moradores, a obra está parada há cinco meses. Durante as chuvas, os arquivos e medicamentos ficam molhados devido aos buracos no telhado. Por causa dos buracos, morcegos entram no local. O forro do teto cedeu, conforme o presidente da comunidade, Inácio da Silva.
“Quando chove, molha as paredes, então os médicos não tinham mais condições de trabalhar aqui dentro”, contou.
Sem energia elétrica, a geladeira onde são armazenadas as vacinas não funciona. A dona de casa Ozilene Oliveira levou o filho de um ano para vacinar, mas não conseguiu atendimento.
As caixas térmicas com as vacinas são levadas de Chapada dos Guimarães pela equipe de um médico que atende na região.
A cortina de tecido separa as salas de espera e de consultas. Por causa disso, alguns exames não são realizados. “Eu fico preocupada, porque temos que vaciná-los, mas também vamos precisar esperar”, disse.
O posto improvisado é o local mais próximo e com vaga de atendimento para quem mora na região.
Sobre a reforma, a prefeitura informou que o contrato com a construtora foi cancelado por causa de irregularidades e que uma nova licitação deve ser feita nesta semana. Alegou que soube dos problemas enfrentados pelos pacientes na última semana, segundo o procurador, Renato de Almeida Ribeiro.
“Pedi para o engenheiro da prefeitura um levantamento para saber o que foi executado e o que precisa executar para fazermos uma planilha”, afirmou.
Além dos problemas na infraestrutura do posto de saúde, a comunidade não tem abastecimento de água e nem coleta de lixo.
Segundo a dona de casa Ivonete Almeida Lira, a coleta de lixo era feita por uma carroça, no entanto, parou de passar na região há dois meses.
"Tem muita água no lixo e junta muito mosquito. A carroça era paga pelo município, mas não sei porque ela parou de passar”, contou.
Para resolver o problema, a prefeitura emprestou água de um poço que fica na cooperativa de produção de farinha de mandioca.
Foi feito um acordo para que o município pagasse a conta de energia do bombeamento de água para as casas, no entanto, o pagamento não foi realizado, conforme o presidente da cooperativa de pequenos produtores, Otávio Ferreira de Araújo.
“Nós cedemos porque eles iriam pagar a conta de energia e os danos caso acontecesse algo com a bomba. A cooperativa não tem como pagar essa conta”, disse.
A prefeitura afirmou que ainda não pagou a energia gasta com o bombeamento devido a burocracia.
“É um problema praticamente jurídico. Eles trouxeram todo os documentos que era preciso e também deram o espaço para usar o poço”, contou.