Quatro homens foram mortos e outras quatro pessoas foram feridas por um atirador na Catedral Metropolitana de Campinas (SP) no início da tarde desta terça-feira (11). O criminoso, identificado como Euler Fernando Grandolpho, 49, entrou na igreja, sentou-se entre os fiéis e passou a disparar contra os presentes logo após o final da missa.
Segundo a Polícia Militar, o atirador se matou após o ataque —ele portava uma pistola 9 mm e mais um revólver calibre 38— as duas armas estavam com as suas numerações raspadas. A motivação do ataque ainda é desconhecida.
De acordo com o delegado José Henrique Ventura, de Campinas, o atirador não tinha passagens pela polícia. Nos dois únicos boletins de ocorrência registrados com seu nome ele aparece como vítima.
Os tiros foram disparados após a missa das 12h15, que é realizada no mesmo horário todos os dias. A PM diz ter registrado um chamado pelo 190 às 13h25. Uma câmera do circuito interno da catedral mostra ação do atirador. No vídeo, obtido pela Folha, ele de repente se levanta e passa a disparar contra um grupo de pessoas sentadas logo atrás dele.
O atirador em seguida caminha para a frente da igreja e começa a disparar contra os policiais que entraram na catedral para rendê-lo. Euler ainda teve tempo de trocar o pente da pistola até ser atingido no tórax. Caído, mas ainda consciente, disparou contra a própria cabeça. Ele ainda tinha 28 balas em pentes na mochila.
"Entrei na igreja, a missa já havia terminado. Alguns minutos depois o atirador entrou e se posicionou na frente de um casal e atirou", conta o aposentado Pedro Rodrigues, 66. "Eu saí correndo, não houve gritaria apenas correria. E ele continuou atirando. Eu tenho muita sorte de estar vivo."
A assistente-administrativo Luciana de Oliveira, 36, disse ter ouvido um grande número de disparos, quando passava perto do templo. "Ouvimos muitos tiros e as pessoas gritando, chorando. Vimos o homem baleado no peito saindo de maca. Foi horrível".
O entorno da igreja, região comercial, estava cheio no momento do crime, devido à proximidade do Natal. Por isso, o policiamento na área também era reforçado, o que agilizou a chegada dos policiais ao local.
Moradora de rua, Artemis José de Oliveira, 40, conta que viu os feridos saindo da igreja. "Ouvi os tiros e vi um senhor com sangue no ombro saindo e uma senhora também baleada que caiu na porta. A polícia saiu atirando na porta pra dentro da igreja. Teve troca de tiro", afirma. "Pensei nos fiéis da igreja que sempre nos ajudam. Foi horrível".
"A intenção era atirar. Ele já atirou 'fatalizando' as pessoas. Não tinha nenhum motivo específico que não fosse a loucura dele", disse o secretário municipal de Segurança de Campinas, Luiz Augusto Baggio.
José Eudes Gonzaga Ferreira, 68, Eupidio Alves Coutinho, 67, Sidnei Vitor Monteiro, 39, e Cristofer Gonçalves dos Santos, 38, morreram no local. Outras quatro pessoas foram atingidas e socorridas pelos bombeiros e pelos médicos do Samu. Os bombeiros informaram que os sobreviventes vão passar por cirurgia para a retirada dos projéteis que atingiram partes vitais. O estado de saúde deles não foi divulgado.
A Catedral de Nossa Senhora da Conceição fica na principal área comercial da cidade. Por meio de nota, a arquidiocese de Campinas informou que a catedral está fechada para o atendimento às vítimas e para as investigações da polícia. "Contamos com as orações de todos neste momento de profunda dor", segundo trecho do comunicado.
O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), decretou luto oficial de três dias, a contar a partir desta terça-feira (11).