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Homens são menos propensos a buscar tratamento para HIV

Chances de morrer por causas relacionadas à AIDS aumentam quando não há busca por tratamento

Data: Sábado, 02/12/2017 09:53
Fonte: portalmatogrosso

No Dia Mundial contra a AIDS, o UNAIDS divulgou um novo relatório que mostra que os homens têm menos probabilidade de fazer o teste para o HIV, são menos propensos buscar o tratamento antirretroviral e têm mais chances de morrer por complicações relacionadas à AIDS do que as mulheres.

 

O Relatório Ponto Cego (Blind spot, em inglês) mostra que, globalmente, menos de metade dos homens que vivem com HIV está em tratamento, em comparação com 60% das mulheres. Os estudos mostram que os homens são mais propensos do que as mulheres a iniciarem o tratamento tardiamente, a interromperem o tratamento e a se desvincularem dos serviços de tratamento.

 

“Enfrentar as desigualdades que colocam as mulheres e meninas em risco de infecção pelo vírus está em primeiro plano na resposta à AIDS”, disse Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS. “Mas há um ponto cego em relação aos homens—os homens não estão usando os serviços de prevenção e testagem para o HIV e não estão buscando acesso ao tratamento na mesma escala que as mulheres.”

 

Na África subsaariana, homens e meninos que vivem com HIV são 20% menos propensos do que mulheres e meninas vivendo com HIV a conhecerem seu estado sorológico positivo para o vírus e têm 27% menos chances de buscar acesso ao tratamento. Em 2015, em KwaZulu-Natal, a província com maior prevalência de HIV na África do Sul, apenas um em cada quatro homens vivendo com HIV, com idade entre 20 e 24 anos, conhecia seu diagnóstico.

 

Na África Ocidental e Central, uma região que está lutando para responder eficazmente ao HIV, apenas 25% dos homens que vivem com HIV estão tendo acesso ao tratamento. Quando as pessoas não estão em tratamento, elas são mais propensas a transmitir o HIV.

 

“Quando os homens têm acesso a serviços de prevenção e tratamento do HIV, cria-se um bônus triplo”, disse Sidibé. “Eles se protegem, protegem seus parceiros sexuais e protegem suas famílias.”

 

O relatório destaca dados da África subsaariana que mostram que o uso de preservativos com um parceiro não-regular é baixo entre os homens mais velhos, que também são mais propensos a viver com HIV—50% dos homens com idade entre 40-44 anos e 90% de homens com idade entre 55-59 anos relataram não usar preservativo. Esses dados são compatíveis com estudos que mostram um ciclo de transmissão do HIV de homens mais velhos para mulheres mais jovens, e de mulheres adultas para homens adultos de idade similar em locais com alta prevalência do HIV.

 

O relatório Ponto Cego também mostra que a prevalência do HIV é consistentemente maior entre os homens que fazem parte das populações-chave. Fora da África Oriental e Austral, 60% de todas as novas infecções por HIV entre adultos acontecem entre os homens. O relatório destaca as dificuldades particulares que os homens em populações-chave enfrentam no acesso aos serviços de HIV, incluindo discriminação, assédio e recusa de serviços de saúde.

 

Os homens que fazem sexo com homens são 24 vezes mais propensos à infecção por HIV do que os homens na população em geral e, em mais de 24 de países, a prevalência do HIV entre homens que fazem sexo com homens é de 15% ou mais.

Unaids

Prevenção ao vírus da Aids

No entanto, estudos recentes sugerem que o uso de preservativos está caindo na Austrália, na Europa e nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, por exemplo, entre homossexuais e outros homens que fazem sexo com homens, que são HIV negativos, o percentual dos que têm relações sexuais sem preservativo aumentou de 35% para 41% entre 2011 e 2014.

 

“Não podemos deixar a complacência se estabelecer”, disse Sidibé. “Se isto acontecer, o HIV ganhará força e nossas esperanças de acabar com a AIDS até 2030 serão destruídas.”

 

O relatório Ponto cego mostra que cerca de 80% das 11,8 milhões de pessoas que usam drogas injetáveis são homens e que a prevalência do HIV entre as pessoas que usam drogas injetáveis passa de 25% em vários países. O uso do preservativo é quase universalmente baixo entre os homens dessa população-chave e o percentual deles que usaram equipamento esterilizado durante sua última injeção varia de país para país. Na Ucrânia, por exemplo, a porcentagem de homens que utilizaram agulha esterilizada no último uso de droga injetável foi bem acima de 90%, enquanto nos Estados Unidos esse número foi de apenas 35%.

 

Nas prisões, onde 90% dos detentos são homens, a prevalência do HIV é estimada entre 3% e 8%, mas os preservativos e os serviços de redução de danos raramente estão disponíveis.

 

Embora a testagem para o HIV esteja alcançando as mulheres, particularmente as mulheres que utilizam serviços pré-natais, os mesmos pontos de entrada não foram encontrados para os homens, limitando a aceitação do teste do HIV entre eles.

 

“O conceito de masculinidade nociva e os estereótipos masculinos criam condições que fazem com que relações sexuais mais seguras, testagem para o HIV, acesso e adesão ao tratamento—ou mesmo conversas sobre sexualidade - sejam desafiadoras para os homens”, disse Sidibé. “Mas os homens precisam assumir essa responsabilidade. Essa bravata está custando vidas.”

 

O relatório mostra a necessidade de investir em meninos e meninas mais jovens, garantindo que eles tenham acesso a educação sexual abrangente, adequada à idade, que aborde a igualdade de gênero e que seja baseada em direitos humanos, criando relacionamentos saudáveis ??e promovendo comportamentos voltados para a saúde tanto de meninas quanto de meninos.

 

O relatório mostra que os homens vão aos estabelecimentos de saúde com menos frequência do que as mulheres, fazem menos exames e são diagnosticados mais tardiamente que as mulheres em condições que já representam risco de vida. Em Uganda, alguns homens relataram que preferem não conhecer seu estado sorológico para o HIV e não receber o tratamento capaz de salvar vidas porque associaram ser HIV-positivo com o estigma da falta de masculinidade. Um estudo na África do Sul mostrou que 70% dos homens que morreram por complicações relacionadas à AIDS nunca procuraram cuidados para o HIV.

 

O relatório incita os programas de HIV a estimularem os homens para que tenham acesso aos serviços de saúde e os tornem disponíveis com mais facilidade para eles. Isso inclui a disponibilização de serviços de saúde personalizados, incluindo o prolongamento dos horários de atendimento, o uso de farmácias para oferecer serviços de saúde aos homens, alcançá-los em seus locais de trabalho e lazer, incluindo bares e clubes esportivos, e usando novas tecnologias de comunicação, como aplicativos de celular.

 

O relatório também estimula um ambiente jurídico e político de apoio capaz de enfrentar as barreiras comuns ao acesso a serviços de HIV, especialmente para populações-chave, e de acomodar as diversas necessidades e realidades de homens e meninos.

Unaids

Unaids

O relatório Ponto cego mostra que, ao permitir que os homens permaneçam livres do HIV, façam o teste regularmente e, caso sejam diagnosticados soropositivos, comecem e permaneçam em tratamento, os benefícios não irão apenas melhorar os resultados da saúde masculina, mas também contribuirão para diminuir as novas infecções por HIV entre as mulheres e meninas e alterar normas prejudiciais de gênero.

 

Em 2016 (* junho de 2017), estima-se:

 

* 20,9 milhões [18,4 milhões – 21,7 milhões] de pessoas com acesso à terapia antirretroviral;

 

36,7 milhões [30,8 milhões – 42,9 milhões] de pessoas em todo o mundo vivendo com HIV;

 

1,8 milhão [1,6 milhão – 2,1 milhões] de novas infecções com HIV

 

1 milhão [830 000 – 1,2 milhão] de mortes por doenças relacionadas à AIDS.

 

Grupo Temático Ampliado das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (GT/UNAIDS)

 

A complexidade da epidemia de AIDS demanda uma mobilização de vários setores e parceiros em seu enfrentamento. É por meio de uma abordagem multissetorial que a ONU busca apoiar a resposta à epidemia no país. Essa mobilização coloca o HIV entre os temas prioritários de atuação conjunta do Sistema ONU há vários anos.

 

Desde 1997, a ONU se une a parceiros de diversos setores em um grupo Temático Ampliado sobre HIV/AIDS (GT/UNAIDS). Ao incluir representantes de Agências da ONU, do Governo, de parceiros de cooperação internacional, da sociedade civil (incluindo redes de pessoas vivendo com HIV/AIDS) e do setor privado, o GT/UNAIDS é um espaço privilegiado para a promoção de ações que visam o apoio e o fortalecimento de uma resposta nacional multissetorial à epidemia. Trata-se do maior e mais antigo grupo interagencial da ONU no Brasil e o mais ativo grupo do tipo no mundo.

 

A coordenação do Grupo é compartilhada de forma rotativa entre as Agências da ONU, e o UNAIDS atua como seu secretariado.

O GT/UNAIDS desenvolve ações conjuntas no âmbito do Plano Integrado da ONU em apoio à resposta à AIDS, que vem sendo implementado desde 2008, inicialmente nos estados do Amazonas (AmazonAids) e Bahia (Laços SociAids) e, desde 2012, também em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul (Aids Tchê).

Unaids

Iniciativas - Unaids

A Equipe Conjunta das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Joint UN Team on AIDS)

 

A Equipe Conjunta da ONU sobre HIV/AIDS (Joint UN Team on HIV/AIDS) reúne o corpo técnico da ONU que atua em HIV/AIDS no Brasil. Seu objetivo é garantir a coesão e a eficácia da contribuição das Nações Unidas à resposta nacional ao HIV, especialmente pela implementação do Plano Integrado.

 

Promove ações conjuntas, compartilha informações, discute propostas de ação e busca maximizar a atuação e apoio do Sistema ONU à resposta à AIDS no Brasil.

 

A Equipe é formada por: UNAIDS (Coordenação), ACNUR, UNICEF, PMA, PNUD, UNFPA, UNODC, ONU Mulheres, OIT, UNESCO, OPAS/OMS, Escritório do Coordenador Resistente da ONU.