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Procuradora que atropelou gari pede desculpas, doa muletas e R$100 à vítima

Data: Quarta-feira, 12/12/2018 19:39
Fonte: Olhar Direto

A procuradora aposentada, Luiza Siqueira de Farias, de 68 anos, que atropelou o gari Darliney Silva Madaleno, de 41 anos, que teve a perna amputada, o visitou no bairro Renascer, em Cuiabá, na última semana. No encontro, ela levou um par de muletas e lhe entregou a quantia de R$100. Na ocasião, ela ainda chorou e pediu desculpas.

O acidente, no momento em que o gari trabalhava, foi registrado na madrugada do dia 20 de novembro, na avenida Getúlio Vargas, em Cuiabá. Pouco após o atropelamento,  submetida a exame de alcoolemia, constatou-se que a condutora  do Jeeep que atingiu Darliney estava embriagada. 
 
A esposa da vítima, Rosilda de Souza, de 53 anos, disse ao Olhar Direto que a visita aconteceu há cerca de 15 dias. Primeiramente, o advogado da procuradora aposentada procurou a família. Logo após, ela também compareceu na pequena casa alugada onde o casal mora. Na ocasião, ela pediu desculpas pelo ocorrido.
 
À reportagem, Rosilda se diz preocupada com o futuro da família. Ambos estavam empregados quando ocorreu o fato, mas por conta do acidente, "Ney" não conseguirá mais trabalhar. E ela, que estava em contrato de experiência, teve que largar o emprego para cuidar do marido. Além disso, ambos não possuem formação escolar e só exerceram trabalhos braçais.
 
“Ela só pediu desculpas, chorou. Tudo bem. Dinheiro não vai trazer a perna do meu esposo de volta. Só mora uma irmã dele em Cuiabá. A família dele mora em Campo Grande. Ninguém se disponibiliza para ficar com ele. E agora? Temos que pagar aluguel, pagar luz, água. Como vamos fazer?”, questionou.
 
“Tem que ter um jeito dela pagar um aluguel para nós, pelo menos até sair à causa [na justiça]. Até sair o [seguro] DPVAT. Esse mês ele recebeu da empresa, mas não se sabe quando o INSS [Instituto Nacional do Seguro Social] começa a pagar o afastamento das atividades. Tá difícil”, relatou.
 
Em recente entrevista ao Olhar Direto, a esposa relatou também que as dificuldades são grandes na adaptação do marido, já que a casa onde moram é pequena. Por ser alugada, eles não podem fazer mudanças na estrutura para melhorar a locomoção da cadeira de rodas de Darliney.

Na época, Darliney citou uma passagem bíblica para afirmar que perdoa a procuradora que o atropelou. “Eu coloquei nas mãos de Deus. Ele vai fazer do jeito dele. Eu perdoo ela, porque ela é ser humana. Deus diz que precisa perdoar 70x7”, disse. “Perdoo ela, só que ela não vai sair da responsabilidade dela, ela vai ter que assumir. Ela tem que pagar pelo que fez”, completou.
 
A família ponderou que quem tiver interesse em ajudar pode entrar em contato através do seguinte telefone:  (65) 9697-4574.

Doações em dinheiro podem ser feitas na conta bancária da Caixa Econômica:  Nome: Rosilda de Souza, agência 1569,  013 (operação) e conta corrente: 000292809. CPF: 616-853-051-72

Relembre o fato

A procuradora Luiza Siqueira atropelou um funcionário da empresa que presta serviços de coleta de lixo para a Prefeitura de Cuiabá, na madrugada do dia 20 de novembro, na Avenida Getúlio Vargas. A vítima, Darliney Silva Madaleno, trabalhava no momento em que foi esmagado entre o veículo da mulher, um Jeep Renegade, e o caminhão da coleta. De acordo com informações da Polícia Civil, Luiza dirigia com uma taxa de 0,66 mg de álcool por litro de ar expelido, ou seja, duas vezes a mais do que o permitido pela lei. 
 
O magistrado Jeverson Luiz Quinteiro concedeu liberdade provisória à procuradora ao arbitrar a fiança de oito salários mínimos (R$ 7,6 mil). A audiência de custódia foi realizada no inicio da noite de terça-feira (20), no Fórum de Cuiabá. A procuradora aposentada assinou termo de compromisso e está proibida de dirigir. Ela teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) recolhida.
 
A defesa da aposentada afirmou que ela não estava embriagada no momento do fato: “estado de síncope”. Em nota - assinada pelos advogados Valber Melo, Filipe Maia Broeto e Milton José - a defesa explica que “as imagens veiculadas por alguns sítios virtuais não retratam ou comprovam qualquer quadro de embriaguez, senão um estado de choque decorrente da forte colisão, a qual acabou por gerar, conforme laudo médico, um ‘estado de sincope’”.