O Ministério da Saúde prorrogou para este domingo (16) as inscrições de brasileiros e estrangeiros formados no exterior (sem registro no Brasil) para participação no programa ‘Mais Médicos’. Em Mato Grosso, mais da metade dos profissionais inscritos não se apresentaram em seus respectivos postos, distribuídos em 55 municípios, até a última sexta-feira (14). Ao todo, o Estado fornecia 132 vagas para médicos brasileiros, que foram deixadas por profissionais cubanos depois que o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), questionou a capacidade dos mesmos.
Com 100% de adesão em Mato Grosso, ou seja, 132 médicos se escreveram no programa. No entanto, somente 60 se apresentaram e tiveram o registro homologado. Esse número aponta que somente 45% das vagas foram preenchidas e mais da metade dos médicos não se apresentaram.
Agora, os candidatos tem até este domingo (16) para enviar documentação à pasta federal e, assim, estarem aptos para validação da inscrição no Programa. A medida foi tomada devido a picos de instabilidade do site do programa causada pelo grande número de acessos, o que pode ter ocasionado dificuldades no momento da inscrição.
Em recente entrevista ao Olhar Direto, a coordenadora da Comissão de Coordenação Estadual do Programa Mais Médicos em Mato Grosso, Regina Amorim, disse que antes do programa era muito difícil fixar médicos em áreas de difícil acesso, como assentamentos rurais e as regiões do Norte, Noroeste e Araguaia de Mato Grosso.
“O custo para ter esses profissionais nestes municípios era muito elevado. Com o ‘Mais Médicos’ o município conseguiu baixar esse custo. Apesar de que ele tem alguns custos para manutenção daquele profissional. Ele [município] deve garantir para o médico o auxilio moradia e alimentação. Mesmo assim, ele não precisa pagar o salário para o profissional, que é pago via bolsa formação do Ministério da Saúde”, disse, na ocasião.
Ela também acrescentou que neste período de transição entre cubanos e brasileiros, os municípios devem fazer alguns ajustes para atender a população. “Tem município que contrata temporariamente médico para dar conta daquele período, tem município, cujos médicos, como foi em Tangará da Serra, por exemplo, que foram 15 médicos que saíram do programa. Eles readequaram a população para ser atendida pelos outros médicos que ainda permanecem no programa”, explicou.
Saída dos cubanos do programa
Depois que o presidente eleito questionou a capacidade dos médicos cubanos que atuam no programa, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) informou que o governo cubano deixaria de participar do programa. A justificativa do Ministério da Saúde cubano é que as exigências feitas pelo governo eleito são “inaceitáveis” e “violam” acordos anteriores.
Em sua conta no Twitter, Bolsonaro disse que a permanência está condicionada ao Revalida pelos profissionais, que é o exame aplicado aos médicos que se formam no exterior e querem atuar no Brasil. Em entrevista concedida após o anúncio, Bolsonaro afirmou não existe comprovação de que os profissionais enviados ao Brasil sejam de fato médicos.
"Vocês mesmo, eu duvido que alguém queira ser atendido pelos cubanos", disse aos jornalistas durante a coletiva. Ele afirmou, ainda, que tem recebido relatos de "verdadeiras barbaridades" cometidas por médicos da ilha caribenha.
Mais Médicos
Criado em 2013, o Programa Mais Médicos ampliou a assistência na Atenção Básica fixando médicos nas regiões com carência de profissionais. O programa conta com 18.240 vagas em mais de 4 mil municípios e 34 DSEIs, levando assistência para cerca de 63 milhões de brasileiros.