Dois homens morreram e outras sete pessoas ficaram feridas durante um confronto armado na madrugada de sábado (05), na propriedade do ex-deputado, José Geraldo Riva, Fazenda Agropecuária Bauru (Magali), em Colniza (a 1006 quilômetros de Cuiabá). A informação foi confirmada ao Olhar Direto pela Polícia Civil do município e pelo proprietário da empresa de segurança do local, Unifort, João Benedito.
Há três meses, cerca de 200 membros da Associação Gleba União haviam acampado nas proximidades. Eles afirmavam que só deixariam o local se Riva apresentasse um documento que comprovasse a posse da terra de 46 mil alqueires.
Conforme apurou a reportagem, na madrugada de hoje, os supostos invasores seguiram em direção à propriedade fortemente armados. Responsável pela segurança do local, profissionais da empresa Unifort revidaram as investidas dos suspeitos. Os membros da associação ainda teriam tentado atear fogo em uma caminhonete da empresa.
Os feridos foram encaminhados para o Hospital Municipal André Maggi. Familiares aguardam do lado de fora em busca de informações.
A Polícia Judiciária Civil de Colniza se desloca para a propriedade rural onde ocorreu confronto armado. A Delegacia de Polícia de Colniza solicitou reforço da Gerência de Operações Especiais (GOE), da Polícia Civil, Ciopaer, da Secretaria de Segurança Pública, e peritos da Politec de Cuiabá para realizar os trabalhos de local de crime e necropsia.
Há quatro meses, o Ministério Público Estadual, por meio da Promotoria de Justiça de Colniza oficiou o Governo do Estado sobre risco de conflito armado no local. A preocupação é que ocorra uma tragédia como a chacina de abril de 2017, na qual nove pessoas foram mortas naquela região.
Citada em delação
A fazenda em questão foi citada pelo ex-governador do Estado Silval da Cunha Barbosa em sua delação premiada. Ele declarou que negociou com o ex-deputado José Geraldo Riva a compra de uma fazenda pela quantia de R$ 18 milhões no município de Colniza, denominada “Fazenda Bauru”. O delator disse que pagou apenas R$ 4,5 milhões neste contrato, pois a compra não foi para frente. Admitiu que valor para a aquisição era oriundo de propinas do programa “MT Integrado.
Segundo ele, o contrato fora elaborado em nome de terceiros. Riva, usou de sua empresa, a “Floresta Viva”, e Silval, colocou o primo de seu cunhado, Eduardo Pacheco. Isto porque, segundo o delator, a venda da terra lhe renderia ajuda, posteriormente.
A divisão, entretanto, não foi para frente. Eduardo Pacheco se arrependeu da ideia e, em cartório, registrou decisão unilateral de retirar seu nome do contrato. Diante disto, Silval combinou que Riva ficasse, por meio da empresa “Floresta Viva”, com 100% da “Fazenda Bauru”.
A posse da terra sequer foi transferida, pois o pagamento de R$ 18 milhões não fora quitado. Das quatro parcelas de R$ 4,5 milhões combinadas, apenas duas foram pagas, uma por Silval, uma por Riva, deixando o restante em aberto e a propriedade segue no nome da antiga proprietária.