A juíza Kátia Rodrigues Oliveira, da Vara Única da Comarca de Poconé, condenou Lubia Camilla Pinheiro Gorgete a quatro anos, cinco meses e dez dias de reclusão, além do uso de tornozeleira, por envolvimento em um furto a uma agência do Banco do Brasil em Poconé (a 103 km de Cuiabá).
Lubia já havia sido condenada na Sétima Vara Criminal de Cuiabá, por envolvimento em um outro assalto a banco. Além dela, outras sete pessoas também foram condenadas pelo crime em Poconé.
De acordo com os autos, em fevereiro de 2017 o bando teria invadido uma agência do Banco do Brasil em Poconé e abriram caixas eletrônicos, levando a quantia de R$ 7 mil em moedas e R$ 817.210 em cédulas, além de folhas de cheques e três armas de fogo da marca Taurus, calibre 38.
De acordo com as investigações, Marcus Vinicius Fraga Soares seria o mentor intelectual responsável por comandas a ação criminosa, enquanto Cleyton César Ferreira de Arruda, Augusto Cesar Ribeiro Macaubas e Jurandir Benedito da Silva atuaram como os executores do furto qualificado.
Já Emanuel da Silva Souza, Lubia Camilla Pinheiro Gorgete, Thassiana Cristina de Oliveira e Marcelo Alberto dos Santos teriam fornecido apoio logístico para a operação. Os fatos foram apurados pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil, por meio da Operação “Kabum” e Operação “Luxus”.
Com relação às acusações, o advogado de Lubia contestou, pedindo sua absolvição alegando falta de provas. O delegado Luís Henrique Damasceno, da GCCO, no entanto, afirmou que ficou comprovada a culpa dela.
Lubia teria dito em depoimento que apenas deixou que os suspeitos ficassem em sua casa, mas não sabia que cometeriam o crime. Já a polícia considerou que a relação que ela tinha com Cleyton era suficiente para ela saber da ação. “No nosso entender ela sabia exatamente o motivo e iria gozar dos valores subtraídos”, disse o delegado.
Além disso, a juíza apontou que em uma ligação telefônica interceptada, do dia 4 de fevereiro de 2017, Cleyton manteve um extenso diálogo com Lubia, mencionando inclusive a ação.
“Durante a conversa eles demonstraram ter uma relação muito próxima. No trecho relevante Lubia, perguntou para Cleyton: ‘está em Poconé, se eles já fizeram o trem?’, comenos em que Cleyton responde: ‘que não, que vai esperar a chuva chegar’”, cita a juíza.
A magistrada entendeu que, sobre Lubia, “a culpabilidade como juízo de reprovabilidade da conduta é evidente, merecendo a acusada uma reprovação social pelos seus atos”, e a condenou a quatro anos, cinco meses e dez dias de reclusão. Lubia poderá apelar em liberdade, mas deverá fazer uso de tornozeleira eletrônica.
Marcus Vinicius Fraga Soares foi condenado a cinco anos e quatro meses de reclusão, não podendo responder em liberdade. Também foram condenados, podendo responder em liberdade com uso de tornozeleira eletrônica: Cleyton César Ferreira de Arruda, quatro anos e oito meses de reclusão; Augusto Cesar Ribeiro Macaubas a quatro anos, um mês e dez dias de reclusão; Jurandir Benedito da Silva a quatro anos, um mês e dez dias de reclusão; Thassiana Cristina de Oliveira a quatro anos, cinco meses e dez dias de reclusão; e Emanuel da Silva Souza a quatro anos e oito meses de reclusão. Marcelo Alberto dos Santos foi condenado a três anos, seis meses e 20 dias de reclusão em regime aberto.
Todos já foram notificados da sentença.
Condenação em Cuiabá
Em 2016 Lubia teria dado abrigo para dois criminosos de Santa Catarina, que vieram para Mato Grosso cometer crimes e também auxiliou nos trabalhos da quadrilha. A mulher ostentava uma vida de luxo nas redes sociais. Entre os veículos apreendidos na operação estão: um Corolla, HB20 e uma picape Santa Cruz.
Lubia Camilla Pinheiro Gorgete também foi beneficiária do programa Bolsa Família. Conforme informações do Portal da Transparência, ela chegou a receber R$ 588,00 do programa de transferência de renda, na cidade de Cuiabá. O benefício foi pago durante quatro meses para a mulher, que recebeu o dinheiro nos últimos quatro meses de 2015, sendo R$ 147 em cada um dos meses.
Os criminosos alvos da ‘Operação Luxus’, deflagrada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCC), utilizaram os cerca de R$ 5 milhões roubados de agências bancárias para bancar passeios de helicóptero e viagens para praias do Nordeste e Sudeste. Além disto, também participaram pelo menos duas vezes do carnaval carioca, utilizando o montante levado dos bancos.
Lubia foi condenada na Sétima Vara Criminal de Cuiabá pela prática do delito tipificado no artigo 2º da Lei n. 12850/13 (organização criminosa) e deverá cumprir cinco anos de reclusão em regime semiaberto, com utilização de tornozeleira eletrônica (não podendo sair de Cuiabá), e multa de 40 dias-multa, com o valor do dia-multa fixado em um trigésimo do salário mínimo.
Há 10 semanas ela fez uma postagem em seu perfil no Instagram, de uma lancha navegando em um lago. No entanto não foi confirmada a localização, nem se foi a própria Lubia quem gravou o vídeo.