A tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur de Souza Dechamps, acusada da morte do aluno Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, voltou ao trabalho na última semana, dois meses antes de completar dois anos de afastamento.
Ledur deve desempenhar, ao menos temporariamente, funções administrativas.
Ela apresentou atestados médicos de forma contínua desde a morte de Rodrigo, em novembro de 2016.
Rodrigo Claro morreu depois de passar mal durante um treinamento aquático dos bombeiros, atividade coordenada pela tenente, que era a instrutora do curso.
Conforme portaria do Corpo de Bombeiros, caso passe mais de dois anos contínuos de agregação, a corporação deve dar início à instrução do processo de reforma por invalidez.
Ocorre que Ledur se afastou pela primeira vez para tratamento de saúde entre 25 de novembro e 24 de dezembro de 2016. No segundo atestado, a tenente esteve de licença entre os dias 9 de março de 2017 a 15 de março.
Como houve um hiato entre o segundo e o terceiro atestado apresentado por ela - que justificou a ausência entre os dias 20 de março a 18 de maio -, a portaria considera que Ledur completaria dois anos em afastamento contínuo no dia 20 de março deste ano.
A tenente responde criminalmente pela morte do aluno e foi monitorada por tornozeleira eletrônica por três meses. Em outubro de 2017, ela conseguiu na Justiça o direito de suspender o monitoramento eletrônico, com a retirada do equipamento.
A ação que tramita na Justiça, de autoria do Ministério Público Estadual (MPE), tem a tenente como ré pelo crime de tortura. Além dela, outros cinco militares dos bombeiros foram denunciados.
Durante o período afastada, Ledur tentou por duas vezes ser promovida para capitã, o que foi negado pela corporação.
Rodrigo morreu no dia 15 de novembro, após passar mal em uma aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, na qual a tenente Izadora Ledur atuava como instrutora. De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, Rodrigo demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre e outros exercícios.
“Os métodos abusivos praticados pela instrutora consistiram tanto de natureza física, por meio de caldos com afogamento, como de natureza mental utilizando ameaças de desligamento do curso ”, como consta na denúncia.
Ainda segundo o órgão, depoimentos durante a investigação apontam que ele foi submetido a intenso sofrimento físico e mental com uso de violência. A atitude, segundo o MPE, teria sido a forma utilizada pela tenente para punir o aluno pelo mal desempenho.