Mais corpos foram encontrados na manhã desta terça-feira (29) na região de Brumadinho, no 5º dia de buscas às vítimas do rompimento da barragem da Vale. O número de corpos retirados da lama, no entanto, será divulgado apenas no fim do dia, segundo o coronel Evandro Borges, coordenador da Defesa Civil de Minas Gerais.
Os corpos retirados neste 5º dia são, provavelmente, de pessoas que estavam no refeitório da Vale, segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz dos Bombeiros. Em entrevista no início da tarde, Aihara afirmou que os corpos foram encontrados a uma distância que fica entre 800 metros e 1.000 metros de onde era o refeitório da mineradora. Lá que estaria a maior parte das vítimas do rompimento da barragem.
Autoridades dizem que o número de mortos devem aumentar. Até agora, há 65 mortes confirmadas, sendo que 31 vítimas foram identificadas (18 funcionários da Vale e 13 terceirizados ou moradores da comunidade). Entre as 288 pessoas que continuam desaparecidas, 114 são funcionários da mineradora e 174 são terceirizados ou moradores da região atingida pela lama.
Nenhuma vítima foi encontrada com vida no 4º dia de buscas, segundo o Corpo de Bombeiros.
As buscas neste 5º dia de trabalhos de resgate começaram pouco depois das 6h. Segundo o Corpo de Bombeiros, a operação desta terça-feira deve priorizar a área do que pode ser o refeitório onde almoçavam funcionários da Vale no momento da tragédia. As equipes usam um helicóptero para fazer o transporte dos corpos retirados da lama.
Participam dos trabalhos 290 militares, sendo 120 de Minas Gerais e os outros de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás e Alagoas. Em nota, os Bombeiros de Minas Gerais afirmaram que os militares israelenses também atuam nesta terça-feira na chamada "área quente".
As famílias afetadas pela tragédia vão receber celulares com chips com minutos de ligação e dados de internet. Segundo o coronel Alexandre Lucas, secretário nacional de Defesa Civil, 300 celulares com chips serão disponibilizados pelo governo federal. As famílias devem ir nesta terça-feira ao Espaço Conhecimento de Brumadinho, a partir das 16h, para buscar os aparelhos. Os moradores devem levar documentos que comprovem o parentesco com as vítimas.
A Polícia Civil de Minas Gerais diz que um cartório foi instalado no Instituto Médico Legal (IML) para facilitar o registro dos corpos que são liberados.
Questionado sobre os animais presos na lama, Aihara afirmou que "em alguns casos, o resgate não é viável pelo sofrimento do animal. É mais interessante optar pela eutanásia. No caso de alguns animais, que sofreram fraturas e perfurações, não é ético insistir. Seguimos as determinações e normativas. O abate só é feito após uma análise bastante cuidadosa e quando é devidamente autorizada. Via de regra, é feito com injeção letal, mas outras situações específicas devem ser analisadas. O Corpo de Bombeiros tem essa preocupação também."
A Defesa Civil afirmou que os animais resgatados com vida são levados para uma fazenda da região, onde são tratados.
Com a lama cada vez mais sedimentada e menos fofa, as buscas ficam mais arriscadas. Para evitar que o corpo afunde, os bombeiros precisam rastejar. Veja as estratégias da equipe de resgate.
A barragem de rejeitos, que ficava na mina do Córrego do Feijão, se rompeu na sexta-feira (25). A lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo da empresa. Entre as vítimas, estão moradores e funcionários da Vale.
Na segunda-feira, a tropa da ajuda oferecida por Israel se concentrou no vale de lama perto do local em que a barragem estourou. Um dos equipamentos israelenses é capaz de encontrar pessoas com vida a 30 metros de profundidade. Apesar de a lama dificultar a sobrevivência, os bombeiros não descartam a possibilidade encontrar pessoas com vida.