O número de seguidores de Aihara saltou de 3 mil para quase 120 mil no Instagram desde que começou a relatar os trabalhos de resgate com um discurso eloquente, seguro e tranquilo. Ele diz que a tietagem representa mais que a demonstração de carinho exclusivamente com ele.
"Quando a gente fala de vidas humanas, se a gente tem uma informação errada, pode impactar negativamente na vida de uma família de uma maneira muito intensa. Então, em primeiro lugar, eu tenho noção dessa responsabilidade. Em segundo lugar, é uma operação muito difícil, porque são muitas agências envolvidas. São muitos dados que chegam, a gente tem que verificar esses dados, são muitas demandas", completa.
Solteiro, cruzeirense e especialista em desastres
O belo-horizontino Aihara é solteiro, namora e torce para o Cruzeiro. Entrou em 2012 para o Corpo de Bombeiros, onde é conhecido como Japa. É formado em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e tem curso de especialização em prevenção de desastres pela Universidade de Yamaguchi, no Japão, e de gestão de projetos, na Universidade de São Paulo (USP).
Desde que o início dos trabalhos em Brumadinho, na sexta (25), dorme entre 4 e 5 horas por dia. Mesmo assim, atende os jornalistas com paciência e recebe os fãs com simpatia. Neste sábado (2), ele foi homenageado por 6 integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens.
O professor universitário e diretor do Instituto Brasileiro de Expedições Sociais (Ibes), Victor Hugo Bigoli, foi de São Caetano do Sul (SP) para Brumadinho para ajudar no atendimento na área de saúde pelo projeto Canudos.
“Presenteamos todos eles com rosas vermelhas e um bonequinho de super-herói. E aí foi comoção, todo mundo se abraçando”, conta o professor Victor Hugo Bigoli.
Ele também participou das operações de busca na tragédia de Mariana, quando o rompimento da barragem da Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, matou 19 pessoas e destruiu comunidades. Mas, em 2015, sua atuação foi bastante diferente da desempenhada hoje. Na época, ele trabalhou no planejamento das operações na zona quente do desastre.
Aihara passou a representar a corporação depois de ser escalado para participar de algumas missões que envolviam a articulação entre instituições, e o resultado agradar seu comandante. “Ele viu que eu desempenhava minimamente bem nisso. Conseguia agregar pessoas, fazer reuniões, alinhar os interesses de todo mundo."
O primeiro caso de grande repercussão nacional como porta-voz foi o incêndio na creche Gente Inocente, em Janaúba, no Norte de Minas, em 2017. Um vigia jogou álcool nele e nas crianças e ateou fogo. Quatorze pessoas morreram.
“Foi uma ocorrência muito difícil pela característica de ter crianças, afeta muito a gente e de presenciar de muito de perto o sofrimento de todas essas famílias, especialmente das mães. Então, por mais que a gente seja preparado para lidar com isso, é uma coisa que toca muito o nosso coração”, diz.