Após mais de dois meses que sofreu a amputação da perna, o gari Darliney Silva Madaleno, de 41 anos, atropelado pela procuradora aposentada Luíza Siqueira de Farias, de 68 anos, na madrugada do dia 20 de novembro do ano passado, na Avenida Getúlio Vargas, em Cuiabá, vive em uma situação precária com a esposa, Rosilda de Souza, de 53 anos, no bairro Renascer. Apesar de ter conseguido o beneficio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a quantia não é suficiente para o sustento da família.
Ao Olhar Direto, a esposa do gari contou que passa por dificuldades financeiras. O auxilio de R$ 998 do INSS não é suficiente para as despesas do casal, que incluem R$ 500 de aluguel, além de luz, água e alimentação.
“Estamos precisando de ajuda, estamos com talão de energia, aluguel era R$ 400 e aumentou para R$ 500. A casa molha toda, molha o quarto, a energia veio mais cara porque estamos em casa o dia inteiro com ventilador ligado”, disse Rosilda, que teve que abrir mão do emprego, para cuidar do marido.
A situação de Darliney é acompanhada por uma assistente social da Prefeitura. Ansioamente, o gari ainda aguarda uma prótese que foi prometida pelo secretário de Serviços Urbanos, José Roberto Stopa. A Prefeitura da Capital garantiu a inserção do gari no mercado de trabalho, após liberação médica. Isso poderá ser feito pela empresa Locar ou até mesmo por uma secretaria.
Pelo Centro de Reabilitação Integral Dom Aquino Corrêa (Cridac), o trabalhador tem recebido o atendimento nutricional e psicológico. Ney contou ainda que a entrada no requerimento da prótese já foi efetuada, porém o procedimento exige que pelo menos três medidas da perna sejam tiradas antes do solicitar a confecção. O pedido da prótese é feito somente pelo responsável pelo atendimento médico e leva em torno de seis meses para fabricação.
De acordo com Rosilda, o marido tem uma grande dificuldade de se locomover sem a prótese. “Esses dias ele foi passar na roleta do ônibus e quase caiu”, lembrou. Atualmente ele tem uma cadeira de rodas e um par de muletas, que foi dado pela procuradora que o atropelou. No mesmo encontro, ela chorou, pediu desculpas e lhe entregou a quantia de R$ 100.
O acidente aconteceu no momento em que o gari trabalhava. Pouco após o atropelamento, submetida a exame de alcoolemia, constatou-se que a condutora do Jeeep que atingiu Darliney estava embriagada.
Em recente entrevista, a esposa relatou também que as dificuldades são grandes na adaptação do marido, já que a casa onde moram é pequena. Por ser alugada, eles não podem fazer mudanças na estrutura para melhorar a locomoção da cadeira de rodas de Darliney.
Na época, Darliney citou uma passagem bíblica para afirmar que perdoa a procuradora que o atropelou. “Eu coloquei nas mãos de Deus. Ele vai fazer do jeito dele. Eu perdoo ela, porque ela é uma ser humana. Deus diz que precisa perdoar 70x7”, disse. “Perdoo ela, só que ela não vai sair da responsabilidade dela, ela vai ter que assumir. Ela tem que pagar pelo que fez”, completou.
A família ponderou que quem tiver interesse em ajudar pode entrar em contato através do seguinte telefone: (65) 9697-4574. Doações em dinheiro podem ser feitas na conta bancária da Caixa Econômica: Nome: Rosilda de Souza, agência 1569, 013 (operação) e conta corrente: 000292809. CPF: 616-853-051-72.
Relembre o fato
A procuradora Luiza Siqueira de Farias, de 68 anos, atropelou um funcionário da empresa que presta serviços de coleta de lixo para a Prefeitura de Cuiabá, na madrugada do dia 20 de novembro, na Avenida Getúlio Vargas. A vítima, Darliney Silva Madaleno, trabalhava no momento em que foi esmagado entre o veículo da mulher, um Jeep Renegade, e o caminhão da coleta. De acordo com informações da Polícia Civil, Luiza dirigia com uma taxa de 0,66 mg de álcool por litro de ar expelido, ou seja, duas vezes a mais do que o permitido pela lei.
O magistrado Jeverson Luiz Quinteiro concedeu liberdade provisória à procuradora ao arbitrar a fiança de oito salários mínimos (R$ 7,6 mil). A audiência de custódia foi realizada no Fórum de Cuiabá. A procuradora aposentada assinou termo de compromisso e está proibida de dirigir. Ela teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) recolhida.
A defesa da aposentada afirmou que ela não estava embriagada no momento do fato: “estado de síncope”. Em nota - assinada pelos advogados Valber Melo, Filipe Maia Broeto e Milton José - a defesa explica que “as imagens veiculadas por alguns sítios virtuais não retratam ou comprovam qualquer quadro de embriaguez, senão um estado de choque decorrente da forte colisão, a qual acabou por gerar, conforme laudo médico, um ‘estado de sincope’”.