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Café deve ficar até 25% mais caro nos próximos meses e segue como item mais caro da cesta básica

Alta acumulada já chega a 37,4% em 2024; Seca, dólar valorizado e aumento nos custos logísticos pressionaram preços, que podem se estabilizar apenas no segundo semestre.

Escrito por Fátima Marques

07 FEV 2025 - 08H32

O preço do café, que já vem subindo desde maio do ano passado, deve continuar em alta nos próximos meses. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o valor do produto pode aumentar até 25% nos supermercados dentro de dois meses.

Atualmente, o café é o item mais caro da cesta básica, acumulando um aumento de 37,4% em 2024 na comparação com o ano anterior. Esse reajuste superou a alta registrada em outros produtos essenciais, como leite (+18,4%), arroz (+15%) e óleo de soja (+26,6%), segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), citado pela Abic.

Motivos para o aumento

O presidente da Abic, Pavel Cardoso, explica que a indústria ainda não repassou integralmente o aumento dos custos ao consumidor. O preço do café adquirido pela indústria subiu 116,7% em 2024 em relação a 2023, e essa diferença deve ser sentida pelos consumidores ao longo do primeiro semestre. A expectativa é que os valores possam se estabilizar na segunda metade do ano.

Fatores climáticos também tiveram impacto direto na alta dos preços. A seca e as temperaturas elevadas em 2023 prejudicaram a produção de café, reduzindo a oferta no mercado. Além disso, o dólar valorizado frente ao real tornou o mercado externo mais atrativo para os produtores brasileiros, reduzindo a disponibilidade interna do produto. Outro fator que elevou os custos foi o encarecimento da logística, impulsionado por conflitos internacionais, como as guerras no Oriente Médio, que aumentaram o preço do transporte e dos contêineres utilizados na exportação.

Consumo per capita em queda

Apesar do aumento de 1,1% na quantidade de café comercializada no Brasil, o consumo per capita caiu 2,22%, uma vez que a população cresceu num ritmo maior. Segundo Cardoso, os consumidores estão mais conscientes sobre o desperdício devido ao alto preço, servindo apenas a quantidade necessária e evitando encher garrafas sem necessidade.

Atualmente, cerca de 40% da produção nacional permanece no mercado interno, e o brasileiro consome, em média, 1.430 xícaras de café por ano.

Expansão para novos mercados

A crescente demanda por café no exterior também influencia os preços internos. A bebida é a segunda mais consumida no mundo, atrás apenas da água, e os produtores brasileiros têm expandido sua atuação internacionalmente. Um exemplo disso é a China, que, desde 2023, saltou da 20ª para a 6ª posição no ranking dos principais importadores de café brasileiro. O Brasil, por sua vez, continua sendo o maior produtor e exportador mundial do grão.

Quando os preços podem cair?

A tendência é que o café continue caro ao longo de 2025. A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que a safra deste ano seja de 51,8 milhões de sacas, um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior. No entanto, apenas após o término da colheita, em setembro, será possível avaliar se os preços podem recuar.

Para 2026, a expectativa é mais otimista. Caso as condições climáticas permaneçam estáveis, a produção pode atingir um patamar recorde, o que ajudaria a reduzir os valores para os consumidores. Além disso, o setor tem investido na produção, impulsionado pela alta lucratividade. Em 2024, o faturamento do segmento atingiu R$ 36,82 bilhões, um crescimento de 60,85% em relação a 2023.

Outra estratégia estudada por algumas empresas para amenizar o impacto no bolso do consumidor é a adoção de embalagens com variação no peso do produto, permitindo uma gama maior de preços.

Fonte: Radio/Tv Amplitude Juara

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